No livro A gente mira no amor e acerta na solidão, a escritora Ana Suy menciona que: “Não há amor que nos livre da solidão”. Partindo dessa premissa, passamos a entender que o amor não pode ser visto como o sentimento que vai nos salvaguardar da solidão, que nos tirará da margem solitária e nos colocará em uma redoma para que a solidão não seja capaz de nos atingir, e sim, o sentimento que vai coexistir ao lado dela. Amor e solidão dialogam e caminham juntos, pois, da mesma maneira que somos seres sociáveis que necessitam do outro, também somos seres solitários, que existem sozinhos em um corpo e que morrerão sozinhos, da mesma maneira. Daí a importância, de saber reconhecer e valorizar a solidão, pois somente quando deixamos de vê-la como um grande problema, e passamos a enxergar a necessidade de sua existência, conseguimos compreender o funcionamento do processo de amar, e ainda assim, estar só. Ana Suy explica: “O amor não nos livra de sermos sós, mas certamente torna a experiência de estar só algo muito interessante”.
O Amor, tão duramente retratado nas mais variadas fontes, de formas tão diferentes do que realmente é, corroborou para o fortalecimento dessa imagem antônima entre ele e a solidão. Afinal, se você ama e é amado, não está só; se você está só, talvez signifique que não tenha um amor por perto. Essa visão turva e equivocada diminui a grandeza e a importância da solidão, tanto para a nossa construção pessoal, quando para nossa construção do sentimento amor.
No filme Divertidamente, a personagem Alegria sempre tenta afastar o sentimento de tristeza da Riley, como se a tristeza fosse desnecessária e sem importância, no decorrer da trama podemos observar o quão a tristeza é tão necessária quanto as demais emoções, de modo que não pode ser descartada, e sim, precisa ser vivenciada da mesma maneira que as outras emoções são. O mesmo acontece com o amor e a solidão, a existência de um não pode ferir a existência do outro, pelo contrário, é preciso que eles dialoguem e caminhem juntos.
Vitória Costa
Graduada em Letras-Inglês pela Universidade Estadual do Maranhão. Atualmente está cursando o curso livre de formação em psicanálise clínica. Possui ênfase em estudos literários.
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