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Como usar os sentidos para ativar as memórias sutis? por Mariana Cecchetti

Atualizado: 2 de nov. de 2023


Sigmund Freud, o pai da psicanálise, fez importantes contribuições para o entendimento das memórias. Embora sua abordagem tenha evoluído ao longo de sua carreira, particularmente eu gosto da relação feita por ele entre a Memória e o Inconsciente. Ele acreditava que a mente humana era dividida em três partes: o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. As memórias eram consideradas uma parte do pré-consciente e do inconsciente. Muitas vezes, ele se referia às memórias reprimidas ou esquecidas que residiam no inconsciente.


Uma de suas teorias mais famosas é a ideia da repressão, que sugere que as pessoas reprimem ou suprimem memórias dolorosas ou traumáticas. Essas memórias reprimidas permaneceriam no inconsciente, muitas vezes afetando o comportamento e a saúde mental da pessoa. Ele também acreditava que muitos dos problemas psicológicos das pessoas eram resultantes de traumas e conflitos na infância. Esses eventos traumáticos poderiam ser esquecidos ou reprimidos, mas continuariam a afetar o indivíduo na idade adulta. Sendo assim, as memórias e as emoções eram frequentemente ligadas por meio de associações inconscientes. Ele usava a interpretação de sonhos como uma ferramenta para explorar memórias reprimidas e associadas a conflitos emocionais.


Freud também discutiu a ideia de que as pessoas podem sentir saudade de memórias e experiências do passado, mesmo que essas memórias não estejam conscientemente acessíveis. A nostalgia poderia ser uma expressão da busca por memórias perdidas ou de uma sensação de completude. Tal busca pode ser então o caminho que nos leve a usar os sentidos para ativar memórias sutis. Essa é uma técnica poderosa para evocar lembranças e emoções.


Discípulo de Freud, Wilhelm Reich (1897 - 1957) desenvolveu uma teoria que convida o corpo para a cena terapêutica e verifica que nele guardamos e ancoramos memórias. A partir de seu trabalho clínico, Reich elaborou a teoria das sete couraças musculares, sendo elas: olhos, boca, pescoço, tórax, diafragma, abdômen e pélvis. Exercícios terapêuticos vêm sendo propostos desde então, sendo estes mais uma boa estratégia de resgate de nossa memória.


Atualmente a ciência já confirma que temos sete sentidos, sendo eles os já conhecidos sentidos da Exterocepção, ou seja, os que identificam estímulos que recebemos a partir do exterior: o olfato, a visão, a audição, o tato e o paladar. Aprendemos sobre eles desde crianças e somos capazes de relacionar fatos e memórias a partir deles com alguma facilidade. A novidade se encontra nos recém-descobertos sentidos da Interocepção e da Propriocepção.



Interocepção

É o sentido que comunica ao cérebro sobre o que está acontecendo com o nosso organismo, o que está acontecendo por dentro de nosso corpo, estímulos oriundos de nossos órgãos. Se pudermos nos atentar somos capazes também de associar memórias aqui. Quando lembramos de um fato ocorrido sentimos nosso batimento cardíaco acelerar? Ou nossa garganta parece fechar? Na nossa cultura popular há tempos usamos expressões que já indicavam o que a ciência confirma em laboratório, veja só: o nosso estômago, o que ele nos comunica? Borboletas no estômago - a paixão, ou sentimos o estômago embrulhado - náusea desta situação? O que essas sensações nos comunicam?


Propriocepção

É o sentido que leva a informação ao cérebro de como está o meu corpo por fora, ou seja, como está a minha postura, como estou gesticulando, como está a minha fisionomia facial e as demais sensações do meu corpo exposto para o lado de fora? Este sentido pode ser considerado como aquele que tanto comunica ao exterior como me sinto, como também é o sentido que comunica ao cérebro como estou me relacionando com o mundo exterior.


Quanto mais estivermos atentos aos sentidos melhor seremos capazes de identificar nossas memórias.


Os nossos sete sentidos (interocepção, propriocepção, visão, audição, olfato, paladar e tato) estão intrinsecamente ligados às nossas memórias, e estimulá-los pode ajudar a desenterrar experiências e detalhes que você pode ter esquecido.


Aqui estão algumas maneiras de usar os sentidos para ativar memórias sutis:

Interocepção

Vasculhe suas memórias e observe se o seu coração acelera e busque sensações e sentimentos.

Propriocepção

Quando você se recorda de algo como percebe seu rosto, sua testa está franzida ou seus olhos estão muito abertos? E suas costas, como fica a sua postura?

Olfato

O olfato está fortemente associado a memórias. Experimente o seguinte: cheire itens que eram familiares em momentos importantes de sua vida, como a fragrância de um perfume específico, aquela lavanda que era usada após um banho morno, comida caseira especial ou o cheiro do ar durante uma viagem significativa. Use óleos essenciais que evocam memórias, como camomila para relaxamento ou eucalipto para momentos ao ar livre.

Paladar

Sabores e gostos também podem desencadear memórias. Experimente: comer alimentos que você apreciava em sua infância ou durante eventos significativos. Experimentar receitas específicas que estavam associadas a momentos especiais em sua vida.

Audição

Visão: A visão pode ser usada para ativar memórias sutis através de imagens ou objetos. Experimente: olhar fotos antigas, álbuns de família ou vídeos caseiros. Explorar objetos que tenham uma conexão emocional, como itens de herança, presentes de pessoas especiais ou recordações de viagens.

Tato

O toque pode evocar memórias através da sensação física. Tente o seguinte: segurar objetos que você associou a momentos importantes, como uma pedra de uma praia memorável, conchinhas que você apanhou na praia ou uma peça de roupa antiga. Explore diferentes texturas que o transportam de volta a certos lugares ou momentos.


Lembre-se de que, ao usar os sentidos para ativar memórias sutis, a experiência pode ser pessoal e única para cada indivíduo. Às vezes, apenas uma pequena dica sensorial pode ser suficiente para desencadear uma enxurrada de lembranças e emoções. Esteja aberto a explorar suas memórias de maneira gentil e curiosa, e não tenha medo de se perder em momentos do passado à medida que eles ressurgem.



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Mariana Cecchetti

Se reconhece como arquiteta de corpos. Formada em arquitetura descobriu-se massoterapeuta aos 40 anos e desde então estuda e cuida de pessoas em seus corpos através de técnicas da terapia Integrativa @amarianacecchetti

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