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  • Foto do escritorLane Lucena

Como a nossa criança interior influencia o nosso “eu” adulto por Lane Lucena


A criança interior é uma parte nossa que desenvolveu comportamentos e padrões adaptativos de acordo com as experiências vividas. Agimos inconscientes na maioria das vezes, e assim, carregamos nossas necessidades não satisfeitas, frustrações, emoções reprimidas, além da nossa criatividade, intuição, capacidade de brincar, entre outras potencioalidades e fragilidades. A criança interior é aquela que se expressa em nós e cujas vivências permaneceram intactas, porém quase sempre adormecidas. Muitas vezes, ainda vemos o mundo através dos olhos de nossa criança. O relacionamento que tivemos com nossos pais em nossa infância lapida cada interação que temos na fase adulta. É na infância que aprendemos a nos expressar, dizer o que e como nos sentimos. Necessitamos de uma figura adulta para nos espelhar e guiar em meio ao turbilhão que as emoções representam nessa fase. Nós queremos e necessitamos ser vistos e ouvidos pelos nossos pares, especialmente pelos nossos pais. No entanto, a família em si vive seus dilemas, traumas e dificuldades herdadas de seus próprios pais. Sendo assim, também é complexo para eles saberem como compreender suas próprias emoções, o que torna mais complexo ainda lidar bem com as nossas. Acabamos então precisando sobreviver de alguma maneira a essa realidade; buscamos lidar com tais desafios e assim, nos adaptarmos. Para a maioria de nós, isso significa atender as expectativas dos nossos pais, de forma a nos tornarmos o que eles esperam que sejamos. E nessa busca para corresponder a essas expectativas, aprendemos a nos comportar da maneira que eles valorizem e nos vejam como “bons”. Negamos as partes de nós mesmos que são tidas por eles como vergonhosas ou “más”. Nesse processo, abrimos verdadeiras feridas emocionais, insatisfações, incômodos internos ou travas emocionais.


A criança interior ferida

Todas as emoções difíceis, dolorosas, necessidades não atendidas e situações as quais nos sentíamos abandonados ou assustados, ou ainda, violados não somem facilmente. Elas permanecem dentro de nós, criando uma verdade através da qual passamos a enxergar o mundo.

Feridas emocionais nos causam - Sentimento de rejeição, abandono, humilhação, traição e injustiça,

- Baixa autoestima, - Imagem corporal distorcida, - Intolerância a críticas, - Resistência a mudanças, - Dependência emocional

Essas marcas da nossa infância podem fazer com que nossas fantasias infantis se tornem recorrentes e venham à tona em diferentes situações em nossa vida adulta.


O que ocorre na maioria das vezes é que não damos a devida atenção para esses sinais. Nossa tendência é descartar ou invalidar essas emoções, como o pai ou a mãe fizeram no passado. Dessa forma, mantemos o mesmo padrão e nossa criança interior permanece não sendo ouvida e se manifestando em momentos de nossa vida adulta em que somos confrontados com experiências que nos remetem a alguma experiência já vivida.


Como você tem tratado a sua criança interior?


Hoje, com os olhos e maturidade que possuímos, podemos entender muitas das dúvidas e perplexidades daquela criança que éramos. Mesmo que não tenhamos respostas, cuidamos daquela criança abrigando-a. Enquanto não conseguirmos identificar nossa criança interior, ela estará agindo em nossas vidas, mesclada às outras histórias que projetamos, intervindo no nosso presente.


Nem todos podem ter uma infância perfeita. A maioria dos pais não consegue dar conta de todas as necessidades psicoemocionais e materiais de um filho. Tal realidade nos é compreendida hoje como adultos. Do ponto de vista da criança, há coisas que faltaram e que pesaram enormemente, deixando uma marca profunda na formação da personalidade e do caráter.


Se quisermos cuidar da criança interior, é preciso deixá-la falar: ela deve ter a chance que nunca teve na vida; que foi de desabafar, da maneira dela, no estilo de criança, sem as boas maneiras adultas, sem os medos e sentimento de culpa.


Quando nosso ser criança desprender-se do fardo e encontrar acolhida e amor incondicional, nos aproximamos da criança interior, porque libertamos nossa criança dos fardos e das punições que lhe tiraram a leveza do arquétipo da criança interior. Esta fonte de energia psíquica está pautada com o brincar e a renovação, com a curiosidade e o surpreender-se, com a capacidade de começar de novo e rir à toa. Quando reconectamos com esta essência, as dores do passado finalmente parecem pertencer a um longínquo passado que não mais nos afeta tanto assim.


Toda criança nasce com esse potencial. É a vida que leva, que a aprisiona e, eventualmente, tira-lhe o riso e a capacidade criadora. A parte de nós que tem acesso a essa fonte é a criança que fomos um dia. É este o motivo pelo qual vale a pena assistir aquela peça interna que ainda está passando, mas, desta vez, com consciência. Senti-la em profundidade com a força moral do adulto de hoje que, supostamente somos e temos; acolhê-la, aceitá-la e envolvê-la. Crianças precisam de colo. Sabem renovar-se sozinhas, basta que lhes prestemos apoio.


Toda a nossa criatividade, jovialidade e sentimento fraterno que alimentamos pelos outros e pelas coisas vem da fonte que é a criança interior: essa criança que mora dentro de nós e que é pouco explorada. Sendo assim, é de suma importância que olhemos para ela com amor e compreensão. Ela é o reduto da inocência, assim dizendo. Ofuscada pelo tempo, a infância é a etapa da vida que mais diz respeito a nós mesmos.


Podemos considerar que nem toda infância é perfeita. Mas é plausível voltar ao passado e rever o que pode ser proveitoso e o que deve ser definitivamente compreendido para que possamos seguir em frente, firmes e fortes.


Nessa relação de compreensão e de amor incondicional por aquela criança que fomos é que se supera a dor e se liberta a criança interior que nos foi sequestrada.


Por fim, preparei uma meditação guiada para você acessar a sua criança interior e depois praticar um exercício de escrita: descreva no papel tudo aquilo que você gostaria de retirar da sua mala dos sonhos. Escreva também como se sentiu.



Lane Lucena

🛋️ Autora

∞ Mãe da Carol, psicanalista, apaixonada pelas palavras. Desenvolvedora da metodologia que floresce pessoas por meio da escrita: Flor&Ser



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