
A depressão entre os idosos tem se tornado uma preocupação crescente em nossa sociedade, especialmente em um contexto de envelhecimento populacional acelerado. Muitas vezes subdiagnosticada ou negligenciada, essa condição afeta não apenas o bem-estar emocional dos idosos, mas também sua saúde física, social e cognitiva. É essencial compreender as causas, sintomas e impactos da depressão na terceira idade para promover intervenções eficazes e assegurar uma melhor qualidade de vida para essa parcela da população.
A depressão é um transtorno de humor que afeta a maneira como a pessoa pensa, sente e lida com suas atividades diárias. Em idosos, a depressão pode ser mais difícil de identificar, pois os sintomas muitas vezes são confundidos com os próprios sinais do envelhecimento ou com outras condições de saúde, como demência.
Os sintomas mais comuns incluem:
Sentimentos persistentes de tristeza, vazio ou desesperança;
Perda de interesse em atividades antes consideradas prazerosas;
Fadiga constante e distúrbios do sono (insônia ou sono excessivo);
Perda ou ganho de peso sem explicação;
Dificuldade de concentração e esquecimento frequente;
Sintomas físicos recorrentes, como dores crônicas e problemas digestivos.

Diversos fatores podem desencadear ou agravar a depressão nos idosos:
Solidão e Isolamento Social
A perda de cônjuges, amigos e familiares, somada à limitação de mobilidade e à falta de interação social, pode aumentar a sensação de solidão. O isolamento é um dos principais gatilhos para a depressão na terceira idade.
Declínio físico e doenças crônicas
Problemas de saúde, como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, Parkinson e artrite, são comuns entre os idosos e podem gerar dor constante e limitações funcionais. O impacto físico dessas condições pode contribuir para sentimentos de inutilidade e desesperança.
Perda de autonomia
A dependência de terceiros para realizar atividades básicas do cotidiano, como se alimentar ou se vestir, muitas vezes afeta a autoestima e gera frustração.
Aspectos socioeconômicos
A aposentadoria e as dificuldades financeiras podem criar preocupações constantes e, consequentemente, aumentar o risco de depressão.
Fatores neuroquímicos e biológicos
O envelhecimento traz alterações nos níveis de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, que regulam o humor. Essas mudanças biológicas tornam os idosos mais suscetíveis à depressão.
A depressão entre os idosos é uma questão urgente que demanda atenção e sensibilidade de toda a sociedade. Embora o envelhecimento traga desafios físicos e emocionais, a depressão não deve ser vista como uma parte normal dessa fase da vida. Com diagnóstico precoce, apoio adequado e intervenções eficazes, é possível tratar a depressão, proporcionando aos idosos uma vida mais saudável, feliz e digna.
Cuidar dos idosos com atenção e empatia é mais do que um dever moral; é um compromisso com o respeito àqueles que construíram o caminho para as gerações futuras. Promover a saúde mental na terceira idade é assegurar que cada pessoa possa envelhecer com qualidade e significado.
Ana Carolina Esteves dos Santos
Psicoterapeuta, psicanalista e terapeuta comportamental, com grande experiência em saúde mental. Formada em terapia emocional, infantil, perdas e lutos, transtornos comportamentais e psicopatologia forense.
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