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A dualidade dos sentimentos: Inveja e Gratidão na psicanálise de Melanie Klein


A obra "Inveja e Gratidão" de Melanie Klein é um marco na psicanálise, oferecendo uma exploração profunda dos emaranhados mundos emocionais associados a esses dois sentimentos primários. Klein, renomada psicanalista do século XX, expandiu os horizontes da compreensão psicológica ao examinar como a inveja e a gratidão se entrelaçam desde os estágios mais primordiais do desenvolvimento humano. Ela baseia suas conclusões em anos de experiência clínica e observação de crianças. Seus conceitos foram debatidos, criticados e expandidos por outros psicanalistas ao longo dos anos, alimentando debates sobre a natureza e a influência desses sentimentos na mente humana.


Particularmente, eu acho o tema fascinante! A maneira como tais sentimentos moldam nossa psique é realmente intrigante. Eles têm um impacto significativo em como nos relacionamos com os outros e como vemos o mundo ao nosso redor.


Klein descreve a inveja como uma emoção inata, presente desde os primeiros momentos da vida, em que o bebê experimenta uma sensação de privação em relação ao seio materno, gerando a chamada inveja primária. Essa ausência ou a falta percebida do objeto essencial para a sobrevivência desencadeia uma complexidade emocional crucial no desenvolvimento psicológico inicial.



À medida que a criança cresce, a inveja evolui para uma forma mais socialmente identificável, conhecida como inveja secundária. Nesse estágio, a criança percebe que outros possuem algo que ela deseja, gerando sentimentos de ciúme, rivalidade e uma sensação de privação em relação ao que está fora de seu alcance. Klein argumenta que esse processo é fundamental para entender os padrões de comportamento humano e as relações interpessoais ao longo da vida.


Contrapondo-se à inveja, Klein explora o papel da gratidão no desenvolvimento emocional saudável. Ela sugere que a gratidão surge a partir da experiência de receber cuidado, atenção e conforto nos estágios iniciais da vida. Essa emoção está intrinsecamente ligada ao vínculo emocional que o bebê estabelece com os cuidadores, desempenhando um papel crucial na formação das relações interpessoais positivas.


Além de explorar esses sentimentos primários, Melanie Klein conecta suas ideias sobre inveja e gratidão à sua teoria das relações objetais. Essa teoria enfatiza como os indivíduos constroem relações com objetos internos (representações mentais de pessoas e coisas), moldando suas interações sociais, afetivas e emocionais ao longo da vida.


"Inveja e Gratidão" não é apenas um exame desses sentimentos, mas também uma base para compreender a complexidade da psique humana desde os estágios iniciais do desenvolvimento emocional até a maturidade. Suas ideias continuam a alimentar debates e estudos na psicanálise e na psicologia contemporânea, oferecendo uma valiosa contribuição para a compreensão dos processos emocionais e relacionais do ser humano.



Referência: Klein, M. (1957/2006). Obras completas de Melanie Klein, vol 3, Inveja e Gratidão e Outros Trabalhos. Rio de Janeiro: Imago.



Lane Lucena

Psicanalista, desenvolvedora da Metodologia das cartas Flor&Ser - que utiliza a escrita expressiva como recurso terapêutico e de florescimento humano. Mãe da Maria Carolina. Apaixonada pela vida, amo viajar, estudar e ler. Escritora, graduanda em Gerontologia, pós-graduada em comportamento organizacional e gestão de pessoas e em TEA - Transtorno do Espectro Autista, com especializações em psicopedagogia clínica e psicologia e saúde mental.

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